terça-feira, 23 de novembro de 2010

Caco de Rocha


Vejo um brilho do norte, fulgurando em terras distantes.
E mesmo na montanha mais alta,  do cume de meu trono de pedra, me pergunto se não vejo sua origem pela qualidade brilhante, ou por simples ausência de uma matéria.

Sinto-me forçado a caminhar até lá - mas tudo acontece tarde demais - o ímpeto veio depois das pernas, já desço aos trancos, sentindo na pele todas as imperfeições e lâminas naturalmente presentes na pedra brilhante como vidro negro.

Sinto o chão grudar sob os pés e as mãos gotejando, o caminho em minhas costas se pinta de rubro.
Com o rosto frio, não caminho mais o fardo de uma cabeça intacta sobre os ombros.

E justo quando me julgo capaz de alcançar onde o céu toca a terra, com um que de arrependimento chego ao seu ponto de luz.
O que me parecia distante, era simples altura, a pretensão de um gigante ciumento, pretendendo somar em sua imponência mais um coração pétreo.

Seu brilho se escondia dos meus olhos, se espalhando por toda uma área em forma de névoa, disfarçando-se entre o mar de nuvens que tão habitualmente cruzaram minha visão.
Mas agora, prateada, a vejo em toda sua glória, sempre mudando, seguindo seu fluxo de forma fluida.
Apresento minhas mãos cortadas em vermelho vivo e sinto o cruzar de seus dedos, uma grande pena é ter a cabeça leve e os braços pesados, o toque é uma ilusão sem esperança.

O frio parece me permear, torna-se minha parte integrante.
O mundo gira a minha volta, em várias instancias, sou eu que giro em volta do mundo? Não há mais peso, existo em diversas partes, em vários lugares, o mundo é minha piscina.
Agora a luminosidade nos é uma qualidade em comum.

Mesmo sem o contato, agora em minha qualidade aérea, sou mais do que capaz de sussurrar, só espero que você seja, mais do que qualquer pessoa, capaz de ouvir.

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